Bem... morrer nunca é fácil para quem fica. Claro que Michael não seria eterno, só não se esperava que se fosse tão cedo. Quero tecer aqui alguns comentários a respeito desse espetáculo de mídia que foi a morte do “King of Pop”.
Eu desconfiava de sua sanidade mental desde que ele começou a embranquecer. As roupas e atitudes espalhafatosas já denunciavam algo que eu chamo de síndrome de Elvis Presley. Mas era um homem de bom coração. Não vou entrar no mérito sexual da vida dele, o que ele fazia com o pinto era problema dele, acho que esse assunto sempre foi problema de cada um que tem pinto. Além disso, a insânia sempre esteve de braços dados com a genialidade. Afora isso, o que esse camarada sofreu na infância e na juventude não está escrito. Ainda.
Pronto.
Acho que tudo começou a degringolar quando começou a circular o boato de que ele era candidato ao Prêmio Nobel da Paz. Aparentemente, supermerecido. Só que surgiram boatos e processos, todos bem pesados, relacionados a crianças. Acho que ninguém compreendeu que, uma vez que ele não teve infância, queria desesperadamente vivê-la, nem que seja convivendo com outras crianças. É uma pena, um artista admirado mas não compreendido.
Aí não teve jeito. Endoidou de vez. Imitou Madonna usando um corpete sobre a calça e consertando o absorvente (como bem observou José Simão...), disparou a comprar coisas de que não precisava, passou a dormir numa câmara hiperbárica, alisou o cabelo, casou com a Presley, fez uma quantidade impensável de cirurgias no rosto, teve três filhos que são um milagre da genética, sendo filhos de um negro com uma branca, nasceram brancos e de cabelo liso, sem nenhum traço da negritude (será que esqueci como funciona a genética?), que viveram até os dez anos com um véu preto no rosto. É claro que o corpo não ia aguentar tanta esquisitice, e por isso explodiu por dentro. Tem remédio envolvido, mas é ridículo e cego não imaginar que ele se entupia deles. Morreu, velório-show, e o caixão de ouro desapareceu.
Você, leitor, não esconderia o caixão de alguém que morresse sob essas circunstâncias? O cara é idolatrado em todos os cantos do mundo, teria que ter segurança vinte e quatro horas no cemitério pelo resto da vida, para que ninguém, um dia, em plena Hong Kong, não venda escapulários com pedaços de osso de Michael Jackson. Que a família preserve íntegro o que restou dele. É merecido que ele, pelo menos agora, descanse em paz.
ANIMA DECOLORUM EST
quinta-feira, 9 de julho de 2009
quinta-feira, 2 de julho de 2009
O LANÇAMENTO DE “OS MOINHOS”
Foi muito bacana. Todos os amigos queridos foram. Foi ótimo encontrar pessoas que há muito não encontrava. O buffet foi aprovadíssimo, pastel de banana com canela, pão de queijo, bolo de fubá e sucos diversos, muito simples mas muito saboroso. O bate-papo foi melhor ainda, me senti um escritor veterano, respondendo as perguntas. Gostei demais da experiência, quero fazer outras, me senti como uma franga quando descobre que virou galinha: sai cantando e batendo as asas. O próximo livro já está na Forja de Vulcano, e em breve tenho mais um filhote. Sinceramente, é a mesma sensação de quem faz uma tatuagem: começa uma fissura por fazer outra...
Mas, por enquanto, ainda estou no trabalho de divulgação e venda do primeiro. A qualquer momento publicarei o que as pessoas estão dizendo do livro.
Mas, por enquanto, ainda estou no trabalho de divulgação e venda do primeiro. A qualquer momento publicarei o que as pessoas estão dizendo do livro.
São Paulo, novas impressões
Conheci a cidade em março de 2002. Metrô, USP, Parque Trianon, a parte pobre de Pinheiros, o Liberdade, a rua 25 de março, a Paulista. Fiquei com vontade de morar lá, pela quantidade imensa de coisas pra se ver e fazer, pelas pessoas, pelas possibilidades. Estava calor, era uma temperatura agradável, estava com amigos, guiado por quem conhecia a cidade. Achei-a luminosa, prenhe, como uma Medusa, a cabeça sempre em movimento.
Voltei à cidade em 2004, por um dia apenas. Instituto Tomie Ohtake, Jardins, Oscar Freire, Teatro Andante, exposição de Picasso na Oca. Achei a cidade desagradável, inclemente, desejosa de expulsar forasteiros, seca e rude. Não estava com amigos, entrava e saía de galerias de arte e lojas de decoração, tudo muito rápido e econômico. Estava um pouco frio, mas havia um cheiro esquisito, como se a cidade não quisesse que eu estivesse ali.
A terceira vez foi agora em junho. Tatuapé, Elizabeth Arden’s Row, Vila Madalena, MASP, Parada Gay, Higienópolis, Pça Benedito Calixto, Pinacoteca, Estação da Luz, Rua Frei Caneca, Parque Buenos Aires. Estava num frio de rachar, mas a cidade estava muito acolhedora. Estava com amigos e com quem conhecia a cidade. Voltou a me dar vontade de morar lá. Fui a uma exposição do Vik Muniz no MASP, vi uma exposição do acervo permanente, chorei diante de Van Goghs, Monets, Manets, Picassos, Almeida Juniors, Benedito Calixtos, Corots, Cézannes, Gauguins, Rodins, Brecherets. Almocei no La Villette, em uma praça charmosa no Higienópolis. Adorei tudo. Eu me adaptaria perfeitamente ali. Só que...
Só que ainda não sou uma pessoa que venceu na vida. Eu estava entre pessoas que venceram na vida, por isso estava com aquela sensação. A cidade só é acolhedora para quem já venceu. Só recebe bem quem já é reconhecido. Ainda estou em começo de carreira, aquela história-clichê “hei de vencer”, ainda não tenho sobrevivido do que faço, ainda não tenho o reconhecimento que sei que mereço. E mesmo assim, não creio que São Paulo seja uma cidade para se passar o resto da vida. É excelente para se passar uma temporada, em especial fora do período escolar, num feriado como o Carnaval. No resto do ano ela esmaga com força excessiva. E agora, com esse negócio de internet, posso trabalhar em um lugar completamente fora dessa idéia de metrópole. Por enquanto, estou num meio termo que se chama Belo Horizonte. Aqui só dependo de mim, me apoiando na família e nos amigos queridos que encontro pelas ruas. A cidade está crescendo em intensidade, mas ainda cheira a interior. Ela é acolhedora tanto para quem está de passagem como para quem vive aqui. Não é todo mundo que se adapta a ela, claro, assim como tem gente que não conseguiu morar em São Paulo.
A próxima vez que for a São Paulo quero já ser uma pessoa reconhecida profissionalmente. Quero experimentar essa sensação.
Voltei à cidade em 2004, por um dia apenas. Instituto Tomie Ohtake, Jardins, Oscar Freire, Teatro Andante, exposição de Picasso na Oca. Achei a cidade desagradável, inclemente, desejosa de expulsar forasteiros, seca e rude. Não estava com amigos, entrava e saía de galerias de arte e lojas de decoração, tudo muito rápido e econômico. Estava um pouco frio, mas havia um cheiro esquisito, como se a cidade não quisesse que eu estivesse ali.
A terceira vez foi agora em junho. Tatuapé, Elizabeth Arden’s Row, Vila Madalena, MASP, Parada Gay, Higienópolis, Pça Benedito Calixto, Pinacoteca, Estação da Luz, Rua Frei Caneca, Parque Buenos Aires. Estava num frio de rachar, mas a cidade estava muito acolhedora. Estava com amigos e com quem conhecia a cidade. Voltou a me dar vontade de morar lá. Fui a uma exposição do Vik Muniz no MASP, vi uma exposição do acervo permanente, chorei diante de Van Goghs, Monets, Manets, Picassos, Almeida Juniors, Benedito Calixtos, Corots, Cézannes, Gauguins, Rodins, Brecherets. Almocei no La Villette, em uma praça charmosa no Higienópolis. Adorei tudo. Eu me adaptaria perfeitamente ali. Só que...
Só que ainda não sou uma pessoa que venceu na vida. Eu estava entre pessoas que venceram na vida, por isso estava com aquela sensação. A cidade só é acolhedora para quem já venceu. Só recebe bem quem já é reconhecido. Ainda estou em começo de carreira, aquela história-clichê “hei de vencer”, ainda não tenho sobrevivido do que faço, ainda não tenho o reconhecimento que sei que mereço. E mesmo assim, não creio que São Paulo seja uma cidade para se passar o resto da vida. É excelente para se passar uma temporada, em especial fora do período escolar, num feriado como o Carnaval. No resto do ano ela esmaga com força excessiva. E agora, com esse negócio de internet, posso trabalhar em um lugar completamente fora dessa idéia de metrópole. Por enquanto, estou num meio termo que se chama Belo Horizonte. Aqui só dependo de mim, me apoiando na família e nos amigos queridos que encontro pelas ruas. A cidade está crescendo em intensidade, mas ainda cheira a interior. Ela é acolhedora tanto para quem está de passagem como para quem vive aqui. Não é todo mundo que se adapta a ela, claro, assim como tem gente que não conseguiu morar em São Paulo.
A próxima vez que for a São Paulo quero já ser uma pessoa reconhecida profissionalmente. Quero experimentar essa sensação.
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