ANIMA DECOLORUM EST

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sábado, 31 de março de 2012

BABAGAMUSH SE RENDE A PINA

Depois de um salto enorme entre uma postagem e outra, eis que nosso herói ressurge em sua batalha inglória contra as Pipocas Infinitas.

De novo me vesti com as mesmas armas: comprei um balde de pipoca e um refrigerante mei-litro. Mas nem precisava. Poderia haver araras adolescentes e sacos de pipoca nas cadeiras ao meu lado, que eu nem notaria.

Antes, porém, leitor, uma contextualização: sou um artista, esteta por natureza e grande apreciador das coisas simples, tanto que adoro a estética quase clean formulada pelos japoneses. Tive meus olhos educados por outros estetas e, mais do que tudo, soube adaptar para mim o conhecimento que adquiri.

PINA, de Wim Wenders, é de uma beleza profunda. É de uma simplicidade sublime. É a força do expressionismo alemão casado em harmonia com a singeleza da estética nipônica. É impactante, é arrepiante, é a experiência estética de mais alto valor que já tive na vida.

Meu mestre em dança moderna, Geraldo Vidigal, há dezoito anos falecido, está vivo naquele filme. É ele o tempo todo, é aquilo que ele teria feito se a cultura brasileira fosse tão valorizada como a alemã pelos alemães.

No filme, os bailarinos da companhia Wuppertal Tanztheater rendem panegíricos visuais à diretora de criação Pina Bausch, transformada em estrela no ano passado. A história do filme é bem curiosa: segundo os releases de divulgação, Wim Wenders estava fazendo um documentário sobre e com Pina quando esta faleceu. O impacto da morte do mote do filme fez com que Wenders engavetasse o projeto. Um tempo depois, os bailarinos cobraram dele o filme. Ele não quis continuar, mas os argumentos que eles apresentaram deram novo alento ao que estava engavetado. E deu no que deu.

Tenho um pouco de preguiça de filme em 3D, mas Pina em 2D perde um pouco o impacto. É filme pra ser visto com os oclinhos. E mais de uma vez. E o melhor: dificilmente vai ter araras adolescentes perto de você: o cérebro desses pássaros que são uma praga do cinema moderno ainda não captam nada mais profundo que as rasas esquisitices esquizofrênicas de Kristen Stewart na saca Crepúsculo.