ANIMA DECOLORUM EST
quarta-feira, 19 de novembro de 2008
segunda-feira, 17 de novembro de 2008
quinta-feira, 6 de novembro de 2008
A parábola do otimista
É isso aí. Se você leu todas as postagens até aqui, já deve ter identificado o perfil do blog. Me tornei o cético pessimista por excelência. Sou aquele que acha que a merda não vai ser suficiente para todos. Comme d'habitude, tento ver os dois lados de uma mesma questão, mas não adianta. O lado otimista das coisas está, dia após dia, ficando podre. Por exemplo, qual é o lado bom do lançamento, a cada seis meses, de uma tendência de moda? Armários abarrotados. Consequência? Gente passando frio. A solidariedade preconizada pela era de aquário ainda não vingou. É uma pessoa solidária para cada cinqüenta famintas. Essa pessoa conseguirá alimentá-las? Não. Sobram, no mínimo, trinta pessoas sem nenhum horizonte. Não existe "lado bom" na indústria da moda. Empregos? Balela. Embora crises no setor sejam raras, os operários são os primeiros a sentir os efeitos delas, além de não ganharem o suficiente para comprar uma das roupas que produzem.
Ai, que saco. Ser pessimista às vezes cansa, mas qual é a luz no fim do túnel? Barack Obama? Sei não, assim como Lula no Brasil, ele não vai governar os EUA sozinho. Ele pode ser o líder, mas quem vai tomar as decisões é o Congresso. Espero, sinceramente, que o moço resolva algumas pendengas, como o Iraque, por exemplo, ou aquela loucura que é o imbroglio Palestina-Israel. Ele tem cara de candidato a Prêmio Nobel, e espero que faça por merecer. Mesmo assim, as decisões serão tomadas por uma coletividade, que está infiltrada de racistas e evangélicos. A batalha promete ser dura. Ele vai se reeleger daqui a quatro anos, é claro, e portanto tem oito anos pela frente para fazer o bem. Fora ele, qual seria a outra luz? O prêmio Nobel desse ano, o finlandês que trabalha sem alarde para que acordos de paz históricos sejam firmados? Ou seja, a tendência é o low-profile? Será o fim da era Andy Warhol? Fazermos coisas importantes, interessantes, sem se preocupar com midia? Tomara, São Millôr, abençoai-nos por favor.
Eu tento ser otimista. Juro. Sou aquariano, tento ver além das aparências. Tento achar um lado bom em Luana Piovani, por exemplo. Tento achar algum vestígio de talento em Carlos Casagrande. Tento ver lições de elevada envergadura moral nas novelas, tento achar graça em filmes brasileiros passados no nordeste ou na favela. Tento ver originalidade no Carnaval, tento ver revolução no funk, tento ver beleza no abstracionismo, mas a batalha está bem árdua.
A arte vai ser o primeiro cordeiro a ser sacrificado, e ninguém vai lamentar por ele.
Ai, que saco. Ser pessimista às vezes cansa, mas qual é a luz no fim do túnel? Barack Obama? Sei não, assim como Lula no Brasil, ele não vai governar os EUA sozinho. Ele pode ser o líder, mas quem vai tomar as decisões é o Congresso. Espero, sinceramente, que o moço resolva algumas pendengas, como o Iraque, por exemplo, ou aquela loucura que é o imbroglio Palestina-Israel. Ele tem cara de candidato a Prêmio Nobel, e espero que faça por merecer. Mesmo assim, as decisões serão tomadas por uma coletividade, que está infiltrada de racistas e evangélicos. A batalha promete ser dura. Ele vai se reeleger daqui a quatro anos, é claro, e portanto tem oito anos pela frente para fazer o bem. Fora ele, qual seria a outra luz? O prêmio Nobel desse ano, o finlandês que trabalha sem alarde para que acordos de paz históricos sejam firmados? Ou seja, a tendência é o low-profile? Será o fim da era Andy Warhol? Fazermos coisas importantes, interessantes, sem se preocupar com midia? Tomara, São Millôr, abençoai-nos por favor.
Eu tento ser otimista. Juro. Sou aquariano, tento ver além das aparências. Tento achar um lado bom em Luana Piovani, por exemplo. Tento achar algum vestígio de talento em Carlos Casagrande. Tento ver lições de elevada envergadura moral nas novelas, tento achar graça em filmes brasileiros passados no nordeste ou na favela. Tento ver originalidade no Carnaval, tento ver revolução no funk, tento ver beleza no abstracionismo, mas a batalha está bem árdua.
A arte vai ser o primeiro cordeiro a ser sacrificado, e ninguém vai lamentar por ele.
quarta-feira, 5 de novembro de 2008
Prece para São Millôr
Cada vez mais eu me sinto um ET. As pessoas estão emburrecendo à minha volta. É o movimento oposto àquele do "primeiro passo para a inteligência é admitir que se é burro", as pessoas estão vendo que estão ficando debilóides e até conseguem ver glamour nisso. As cabeças vazias nem são mais jardins do diabo: os demônios estão com tédio diante de tanta paradeza. É como se o vácuo entre as orelhas fosse sólido, impedindo qualquer outra coisa de se instalar aí. E esse, pasmem, é o futuro do nosso país e do mundo. Os valores das pessoas estão cada vez mais nivelados por baixo. É glamour espalhar a baixeza, o mau-gosto, a absoluta falta de senso, a criancice, a pirraça, a picuinha, a risada diante do que é sério, o egocentrismo, o império do "eu-primeiro". É estranho observar isso. Parece que, com anos de atraso, a filosofia Beavis & Butthead chegou à cabeça das pessoas. Será que os vícios da urbanidade já penetraram tão fundo assim no DNA? Estão se extinguindo valores como silêncio, concentração, seriedade. Ai, meu Deus, existe saída para esta burrice galopante? São Millôr, nos abençoe, seu martírio deve estar sendo enorme...
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