ANIMA DECOLORUM EST

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terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

O QUE ME CHOCA 11 - 06 DE FEVEREIRO DE 2016

CARNAVAL GLOBELEZA É UMA COISA QUE ME CHOCA

Principalmente quando a falta de senso sai do controle.

O Carnaval sempre foi uma festa em que a permissividade era vista com tolerância. Desde as Bacanais – festas gregas em homenagem a Baco, deus do vinho e, consequentemente, da embriaguez, – neste tipo de celebração originária das festas de plantio, em que se cultuavam deuses de fertilidade (Deméter, Vênus, Baco...) para que as colheitas fossem abundantes, aconteciam permissividades, digamos, beeeem interessantes. Daí, juntou-se essa ideia com a Festa dos Bobos, dia em que o Rei permitia que todos fizessem e dissessem o que queriam.

No Brasil, em plena década de 70, houve o advento (?) da “sexualidade livre”, apimentada pela coqueluche do momento, a droga sintética. Foi multiplicada por mil pela tevê e pelo cinema pornochanchada. O desbunde total ganhou os salões cariocas e, como consequência, o Brasil todo.
As tevês e revistas, em sua cobertura “jornalística” dos bailes de salão, mostravam apenas dez por cento do que realmente acontecia. E assim foi, num crescendo, até que tudo que dizia respeito ao Carnaval era sinônimo de SEXO.

E era um sexo excludente. Como na música sexista e preconceituosa do Tim Maia, “vale tudo, só não vale homem-com-homem nem mulher-com-mulher”. Quer dizer, a coisa acontecia em todas as cores e tons, só que as câmeras privilegiavam apenas o que homens brancos heteros preferiam.

E aí, eis que estreia na globo a “mulata globeleza”, símbolo máximo do que a emissora pensa da festa: completamente nua, com as pudendas cobertas de miçangas que mudavam de cor à medida em que dançava, a mulata rebolava em todos os horários da grade da emissora, de programas infantis à novela das nove.

Trocando em miúdos: não se dava muita importância ao fato de que aquelas “inocentes” vinhetas estavam hiperssexualizando o Carnaval, transformando uma festa que nada mais era do que uma preparação para a Quaresma (há que se desenvolver esse tema mais tarde, pois a Igreja se apropriou daquele período de espera entre a semeadura e a colheita, misturou com um ou outro fato sobre Jesus e deu o nome de Quaresma.) em uma irrefreável Bacanal no pior sentido do termo.

Consequências? Várias. Aumento do consumo de álcool e drogas, aumento do número de mulheres estupradas, aumento do número de roubos e assaltos, tudo ao contrário do que prega o verdadeiro espírito do Carnaval: a alegria da semeadura, a esperança da colheita, a honra aos deuses que regem a terra, essas coisas ultrapassadas.

Hoje em dia, tolerância e permissividade são um perigo à integridade física das pessoas.



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