Eu estava com torcicolo. Dos brabos. Tipo usar um cachecol em plena noite de primavera. Um saco. Mas fui assim mesmo.
Quase duas horas depois, saio de lá e vou comer um mix de empanadas no Pizza Sur. Ou seja, queria digerir o que vira com uma das maiores delícias de Belo Horizonte.
Durante todo o espetáculo, fiquei pensando em outro que vira. Comparando e chegando à conclusão de que fazer coisa boa na cidade está proporcionalmente mais difícil quanto mais fácil fica fazer coisa ruim. O Auto da Compadecida (claro, todo mundo conhece a história de João Grilo e Chicó, escrita por Ariano Suassuna e filmada nos 80 pelos Trapalhões, o melhor filme deles, e nos 00 por Guel Arraes, com Fernanda Montenegro no papel-título) estava no Marília, teatro da prefeitura, quase sem apoio ou patrocínio nenhum. O outro espetáculo, uma das piores coisas que já vi na vida, estava em teatro particular, e com uma quantidade bem grande de apoiadores. Sei lá, acho que o mundo está emburrecendo, e só não o faz de vez porque existem pessoas que produzem coisas boas como o Auto.
Claro que há coisas boas e outras nem tanto no Auto. Comparado com o outro, no entanto, é uma peça excelente. Achei o conjunto ótimo, sob a batuta do Alexandre Toledo: cenário, figurino, músicas, atores. Pequenos detalhes que me incomodaram, como a voz pequena de dois atores e o contraponto de energias entre os atores que faziam Chicó e João Grilo, passariam despercebidos não fosse o meu torcicolo, que multiplicava por cem o que me incomodava. Não consegui rir muito, apesar do ritmo e da graça que vi. A cada arranco que o riso dava no corpo, o pescoço dava uma fisgada que me fazia gemer. Saco. Queria ter rido mais.
Parabéns à Companhia da Farsa por permitir que o Bom Espetáculo continue respirando.
Você não vai acreditar, mas postei hoje, antes de ler seu blog, a oração que o João Grilo faz à Comapdecida para ser perdoado.
ResponderExcluirEstamos de alguma forma conectados (rsrsrsrs).
Só Freud ou a Compadecida explicam.
Beijos