Tenho tendência a querer ver filme israelense e palestino. Geralmente a temática é super original. Lemon Tree, por exemplo, é maravilhoso. Em Valsa com Bashir, entretanto, dormi na maior parte. Já os filmes de Eitan Fox, Yossi & Jaegger e Bubble, são ótimos.
Eu tinha duas opções ontem, mas estou numa fase de vida que filmes do tipo que tem temática ISOLAMENTO e cenas de sexo explícito e mutilação, e nome Anticristo, dirigido pelo mesmo cara que estuprou os sentidos de Björk, não está me atraindo muito. Acabei por escolher o israelense.
De cara tinha um cara do meu lado que ficava comentando o que via na tela. Ou seja, uma das muitas versões das vilãs Pipocas Infinitas. Levantei e fui lá para trás.
A história seria boba se fosse filmada no Brasil: um incidente de trânsito tem consequências improváveis na vida de um pacato israelense. Resumi demais? Bem. O israelense (Michael, pronuncia-se Mirhael) é o típico ser passivo que, tentando resolver o que ele achava que merecia, embarca numa viagem que o transforma completamente. E o leitor pergunta: onde está o gesto obsceno disso? Bem... perguntou, agora aguenta.
A esposa está nervosa. No trânsito, faz uma babaquice: deixa a porta do carro aberta, impedindo o trânsito. Um outro carro para, e está impaciente, buzinando. Ela faz um gesto obsceno. O carro impaciente arranca e arranca a porta aberta, quase atropelando a esposa. Michael assiste a tudo, passivamente, mas anota a placa do carro. A história começa mesmo quando Michael finalmente vai à delegacia registrar queixa, e descobre que o dono do carro é um bandido que tem a polícia nas mãos.
É tensão do começo ao fim. Parece que o cara está sempre fazendo o que não deve, mas isso é ponto de vista de brasileiro, que está acostumado à bandidagem fazer e acontecer na cara e não fazer nada, porque, se fizer, vem um acólito e enche de bala. Por outro lado, é típico da cultura de regiões de conflito como Israel que, quando a justiça oficial falha (e é falha) o jeito é fazê-la com as próprias mãos. Michael é o anti-herói que se transforma em herói, principalmente aos olhos da esposa e do filho, e que ainda sorri no final.
Saí do cinema com uma sensação esquisita. Será que vai ser sempre assim, a cultura desacreditando as instituições públicas e vice-versa? E vamos ficar passivos diante disso? Sinceramente, acho que sim. Quem é passivo não se compromete...
Só que tem uma hora em que, assim como Michael (que pode ser até um link com Michael Douglas em Um Dia de Fúria), a tampa da panela de pressão estoura.
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