Quatro amigos e um convidado talentosíssimo se divertindo. Só posso começar assim este post. Eu quase que só dava gargalhada por saber que são amigos meus fazendo o que nunca fizeram, pelo menos em público. Digo se divertindo porque muitas das piadas são chistes entre eles, piadas particulares que pouca gente entendia como piada e ria.
Kalluh Araújo deixa mais uma vez sua marca. As gags de repetição e aproveitamento de equívocos dos ensaios vêm desde que trabalhei com ele em Tartufo, há alguns anos. É divertidíssimo, e precisa de bons atores para bem executá-las, mas repeti-las mais vezes do que permite o limite do risível corre o risco de cansar, dar "barriga" no espetáculo, e acho que a única barriga que Camila Baker merece é a do Fernando Veríssimo, impagável como nordestina e com o bordão "pelo menos meu bucho tá cheio".
A melhor cena do espetáculo, pra mim, é a da memória de infância da personagem-título. Pro resto do espetáculo, o que eu acho que faltou foi justamente estender para as outras a energia deliciosa desta cena. Se a intenção é o "falso canastrão" novelesco, farsesco, acho a técnica ótima, mas acho que uma dosagem sempre alta cansa . Achei o figurino muito bacana, no limite do brega, colorido e acetinado. Achei a trilha sonora bem bacana, também.
Eu reduziria 20minutos do espetáculo, acho que ficaria redondinho e bem mais gostoso de assistir.
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