Uma coisa levou a outra. Estou puto.
Não queria sair com os amigos. Queria pegar o ônibus (moro longe do centro) e ir rápido para casa, mas a cerveja gelada foi tentadora nesse calor. Devia ter seguido meus instintos.
Batata. Depois de finalmente pagar a conta, amarguei quase meia hora de espera no ponto de ônibus. Veio, afinal, bem vazio. Aliviado, me sentei.
Eu havia me esquecido que um jogo de futebol acabara justamente há pouco. Quando o ônibus se preparava para deixar o Centro, mil adolescentes invadiram o ônibus, quebraram a escotilha e uns seis subiram ao teto para "surfar". A agonia estava só começando.
No primeiro ponto da periferia, uma blitz de uns seis carros esperava o ônibus. Atabalhoadamente, os surfistas desceram do teto e tentaram fingir que eram cidadãos comuns. Tarde demais. O ônibus foi parado e os mil adolescentes foram desembarcados e revistados.
Eu só pensava na minha cama.
Meia hora depois, a "turma" embarcou novamente. Um sentimento podre de impotência conseguiu me dominar. Juntei as sacolas que penosamente carregava e desembarquei. Os guardas tentaram me convencer a seguir viagem, mas disse a um deles, textualmente: "você fez um ótimo trabalho, guarda, mas eu não confio nessa turma por nada desse mundo". Peguei um táxi que, por milagre, acabara de desembarcar pasageiros numa rua transversal.
Em dia de jogo de futebol em Belo Horizonte, vou me entocaiar em casa ou, se não conseguir evitar, por nada, por nada mesmo, vou ficar até tarde na rua ou, se a tentação for realmente grande, devo me prevenir com grana para táxi.
O que me enche de raiva é que esses meninos serão os trabalhadores do futuro. Com essa formação, duvido que tenhamos futuro.
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