ANIMA DECOLORUM EST

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terça-feira, 10 de novembro de 2009

Papo de academia

É um pé no saco. Frequento porque cuido do corpo como uma forma de saúde. Mas é duro de escutar.
Por uma artimanha do destino, frequento uma academia de classe alta. Entro, sou educado principalmente com quem está trabalhando, troco de roupa, malho, gasto calorias, suo, faço condicionamento aeróbico (o último exame deu "Excelente"), faço sauna, me barbeio, tomo uma ducha, visto a roupa, vou embora. Seria ótimo se fosse só isso.
De vez em quando, escuto sem querer as conversas dos homens de classe alta no vestiário ou na sauna. Mais raso e vazio impossível. Não falam nem do último filme do Bruce Willis, quanto mais do concerto chiquérrimo do Nelson Freire. A única coisa que escuto é "Nunca mais vou pro hemisfério norte entre outubro e março", "Já fui duas vezes à África do Sul este ano", "Quando estive em Nova York mês passado trouxe o laptop mais moderno", "Fui à Suiça trocar o Rolex que não funcionava em altas altitudes", "Miami é o paraíso das compras", "Não fui no seu aniversário no (buffet) Catarina porque estava recepcionando uns franceses em Escarpas (do Lago)".
É duro de escutar. Comento para mim mesmo, resignado: "Ah, os valores..." Mas serão valores mesmo, ou a velha história do macho competitivo que, mesmo longe da fêmea, continua mostrando que é o merecedor da liderança do bando?
Uma academia de ginástica é o templo do hedonismo, ou seja, o local ideal para a competição. A cultura é o último dos quesitos de desempate. Imagino que seja o mesmo no vestiário feminino. Daí a pouca profundidade, o parco conteúdo.
É tão surreal que me permito rir. Será que a classe alta é assim o tempo todo, ou ela só é assim no grande templo? Rio e vou colhendo pequenos fragmentos para um futuro livro. Tudo para mim se transforma em tema literário, hoje em dia.

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