ANIMA DECOLORUM EST

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sábado, 17 de abril de 2010

BABAGAMUSH E O TRUQUE DE TOM FORD

Tom Ford foi o designer que levantou o nome Gucci no mercado internacional de moda. Sinônimo de simplicidade e sofisticação, Ford imperou por anos na casa italiana. Aí, de repente, a Gucci foi vendida para um conglomerado internacional, e Ford, aparentemente, desistiu do mundo da moda e sumiu.
Sumiu para ressurgir, dois anos depois, cineasta e já apresentando prêmio no Oscar, com seu ator principal, Colin Firth, candidato a melhor ator.
Comecemos pelo título. Direito de Amar não é uma boa tradução para o original, A Single Man. Primeiro porque não tem nada a ver. O personagem de Colin não está lutando por um direito de amar. Esta é uma mensagem que não está nem nas entrelinhas do filme. Me parece mais panfletarismo gay, e dos mais inúteis, pois é um clichezaço. Segundo: a palavra single, em inglês, significa três coisas: solteiro, simples (no sentido de solitário) e singular (no sentido de único).
O filme é um filme de designer. Seco, austero e visualmente muito, muito sofisticado.
A história é baseada num livro de Christopher Isherwood, mais conhecido porque escreveu Adeus a Berlim, que inspirou o filme Cabaret (Money makes the world go round, lembra?) do que por ter encabeçado um importante movimento gay nos EUA na década de 60. Não li o livro, mas me pareceu que a escolha de situar a história nos anos 60 foi do diretor, justamente porque foi uma década em que o design americano era seco, austero e muito, muito sofisticado. Enfim, é a trajetória de um dia na vida de um homem que está lutando para superar a perda do companheiro, um casamento de 16 anos que termina de maneira trágica, e manter as americanas aparências de um professor universitário. É um filme bobo na essência (já vi filmes de temática gay bem mais interessantes, como Bubble), pois é tão óbvio que quase vira um clichê, mas esteticamente é uma das coisas mais belas que já vi. Os signos pulam da tela e conversam com você, e quando isso acontece para mim é um êxtase de fruição. A interpretação de Colin Firth é irretocável, e é o segundo trunfo de Ford. Mas é só. Filme-melão, não fosse o brilho e a força das imagens do primeiro filme do ex-enfant terrible da Gucci.

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