Inútil porque o filme já é consagrado, e está quase saindo de cartaz. Mas, mesmo assim, vale o registro de um filme bem tocante.
Hanami é o nome que se dá ao festival das cerejeiras no Japão. A cerejeira dá flor durante uma semana por ano, e é um dos símbolos da transitoriedade de tudo, um dos preceitos básicos do Budismo: a Impermanência. Por isso, os parques de cerejeiras no Japão se transformam em verdadeiras celebrações coletivas durante a floração das árvores.
Trudi, uma senhora alemã mãe de três filhos já adultos, sonha em ver de perto essa e outras maravilhas japonesas, como o Butoh (dança moderna) e o símbolo máximo do país, o monte Fuji.
Só que ela, devotada ao marido, não chega a realizar esse desejo, pois morre antes. O marido, Rudi, é quem realiza esse desejo e, lá no Japão, começa a compreender, pela primeira vez na vida, quem foi sua mulher.
O filme critica abertamente a sociedade alemã, cujos jovens passam um rolo compressor na geração anterior: nunca há tempo, nem paciência, nem assunto, para a convivência. Faço, é claro, um paralelo com o belíssimo A Balada de Narayama, que também versa sobre a transitoriedade da vida e a budística aceitação deste inelutável regra da natureza. Acho, até, que o filme de Nagisa Oshima está nas entrelinhas do de Doris Dörrie, nas quase cerimoniosas referências ao país oriental.
E esta é a resenha inútil de um filme, pois a geração mais nova, que deveria assistir esse filme, está toda no shopping assistindo Alice. A geração mais velha, que deveria estar se divertindo com o filme de Tim Burton está lá, reaprendendo com os alemães e japoneses coisas que já sabiam há muito tempo. Valores inversos. Sei não. Tenho medo de ficar assim.
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