SERTANEJO UNIVERSITÁRIO É UMA COISA QUE ME CHOCA
Principalmente se o cantor tem
voz anasalada. É complicado escutar. E a explicação quando você questiona “isso não é sertanejo nem na China”? A
resposta é para rir até 2020: “Isso não é
sertanejo, é sertanejo universitário!”
É diferente, entende? Cantor
sertanejo é aquele que canta o Sertão, suas belezas e dores. Para a
terminologia moderna-e-contemporânea, foi classificado como Sertanejo-de-raiz.
Já o Sertanejo-universitário é aquele que transforma o conjunto homem-mulher em
um sistema binário que gera todo um gama de canções que no fundo, no fundo,
querem dizer a mesma coisa: “mulher, se
submeta a mim porque te comer é uma delícia”. E aquela mulherada que não entende
o que é machismo e jamais entenderá o feminismo grita, arranca os cabelos e
CANTA JUNTO!!
E tem o Forró-universitário,
terceira e mais popular categoria do quadrinômio
zabumba-triângulo-viola-sanfona! Sim, porque primeiro tem o Forró-de-raiz
(aquele que anima as genuínas festas do interior nordestino, com letras que
cantam o nordeste e a malícia ingênua do dançar agarradinho) e depois veio o
Forró Pé-de-Serra (que já deixa o Nordeste pra lá e só quer saber do dançar
agarradinho, cuja malícia não é mais tão ingênua assim...).
Agora, estou aqui pensando no
termo “universitário”. Um dia eu fui um, mas será que entendo o que o termo
significa? Fico me lembrando das festinhas das repúblicas de estudantes universitários
que frequentei na década de 90, onde a bebida mais cara que rolava era a Catuaba
Selvagem, os salgadinhos eram os chips genéricos que eram comprados no quilo
(sabe aquelas lojas de biscoitos, em que os tais ficam em sacos transparentes
enormes numa prateleira alta?), a música era vinil-e-vitrolinha e a
libertinagem corria solta, todo mundo junto e misturado, tudo muito permissivo,
com os evangélicos incomodados sendo despachados para dormir em outro lugar.
Então seria isso? Descompromisso
total com qualquer coisa que cheire a qualidade? Música feita na base do
tudo-pode-porque-tudo-se-encaixa-no-termo? Tudo muito permissivo (“Só não vale
dançar homem-com-homem nem mulher-com-mulher...”) porque é assim que a gente
gosta?
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