ANTIPATIA É UMA COISA QUE ME CHOCA
Principalmente quando se
transforma em anti-empatia.
Empatia significa,
etimologicamente, "dentro da
emoção", "junto com a emoção". Psicologicamente, é uma identificação
emocional da pessoa com indivíduos ou coisas percebidas. O radical da palavra
empatia é pathos, termo grego que designa a qualidade que excita a
emoção. Difere da simpatia ou "união das emoções", da antipatia, que
é a "oposição das emoções" e da apatia, a "ausência de emoções".
Trocando em miúdos, empatia é
quando você se coloca no lugar do outro, aprende uma lição e a aplica em sua
vida, melhorando-a.
Nos atuais tempos
modernos-e-contemporâneos, individualistas e pega-pra-capar, existe a
anti-empatia. Ou seja, encontrar empatia em uma pessoa é como petróleo no
pré-sal: tem que buscar beeeem fundo. Ela está lá, mas tão escondida e
massacrada pela vida rápida à qual nos acostumamos que em breve ela será tão
inútil como um dente ciso – e trazendo os mesmos tipos de problema. Colocar-se
no lugar do outro atualmente equivale a sentir a dor do outro e não aprender
nada com ela, tipo “já estou satisfeito com minhas próprias dores, obrigado”,
ou “já tenho minhas dores, pra quê vou sentir a dor do outro?”
Só que esse tipo de comportamento
tem uma consequência bem chata: a má educação. São jovens que deixam idosos e
grávidas em pé nos ônibus, sentando-se mesmo nos lugares reservados a eles; são
pessoas que passam na sua frente e solicitam atendimento da pessoa que já
estava atendendo você; são pessoas que compram carros cada vez maiores e não
cedem passagem nem para outros carros nem para ônibus lotados, e ainda reclamam
que o governo é incompetente por não alargar as ruas para caber os seus
monstros sobre rodas; são pessoas que furam fila; são pessoas que protestam
contra a corrupção mas adoram “levar vantagem em tudo”, regra apregoada por
aquela famosa propaganda de cigarro que destruiu a vida do locutor esportivo; são
pessoas que falam que a outra está gorda, mesmo sem saber se a pessoa em
questão tem auto-estima baixa ou está se esforçando em seu máximo; são pessoas
que criticam as outras mesmo sem considerar que elas próprias possuem características
criticáveis.
Frigir dos ovos: a piada só será
engraçada enquanto eu não for o alvo dela. Ou: pimenta nos olhos dos outros é
refresco. Ou: o inferno são os outros.
É doloroso sentir empatia,
colocar-se no lugar do outro, aprender com isso, aplicar na própria vida? Sim,
demais. Só que nos tempos atuais modernos-e-contemporâneos as pessoas estão fugindo
da dor o máximo possível, tentando fazer com que ela, a dor, seja erradicada de
seus corpos como um vírus que se extirpa. Sabemos que isso é impossível, que a
dor é tão humana quanto o prazer, mas não custa tentar, não é? Não queremos
sentir dor, e sentir a dor do outro é pior ainda.
Só que essa anti-empatia é uma
faca de dois legumes: deixando de sentir a dor do outro, também deixamos de sentir
o prazer do outro.
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