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quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

O QUE ME CHOCA 13 - 08 DE FEVEREIRO DE 2016

ANTIPATIA É UMA COISA QUE ME CHOCA

Principalmente quando se transforma em anti-empatia.

Empatia significa, etimologicamente, "dentro da emoção", "junto com a emoção". Psicologicamente, é uma identificação emocional da pessoa com indivíduos ou coisas percebidas. O radical da palavra empatia é pathos, termo grego que designa a qualidade que excita a emoção. Difere da simpatia ou "união das emoções", da antipatia, que é a "oposição das emoções" e da apatia, a "ausência de emoções".

Trocando em miúdos, empatia é quando você se coloca no lugar do outro, aprende uma lição e a aplica em sua vida, melhorando-a.

Nos atuais tempos modernos-e-contemporâneos, individualistas e pega-pra-capar, existe a anti-empatia. Ou seja, encontrar empatia em uma pessoa é como petróleo no pré-sal: tem que buscar beeeem fundo. Ela está lá, mas tão escondida e massacrada pela vida rápida à qual nos acostumamos que em breve ela será tão inútil como um dente ciso – e trazendo os mesmos tipos de problema. Colocar-se no lugar do outro atualmente equivale a sentir a dor do outro e não aprender nada com ela, tipo “já estou satisfeito com minhas próprias dores, obrigado”, ou “já tenho minhas dores, pra quê vou sentir a dor do outro?”

Só que esse tipo de comportamento tem uma consequência bem chata: a má educação. São jovens que deixam idosos e grávidas em pé nos ônibus, sentando-se mesmo nos lugares reservados a eles; são pessoas que passam na sua frente e solicitam atendimento da pessoa que já estava atendendo você; são pessoas que compram carros cada vez maiores e não cedem passagem nem para outros carros nem para ônibus lotados, e ainda reclamam que o governo é incompetente por não alargar as ruas para caber os seus monstros sobre rodas; são pessoas que furam fila; são pessoas que protestam contra a corrupção mas adoram “levar vantagem em tudo”, regra apregoada por aquela famosa propaganda de cigarro que destruiu a vida do locutor esportivo; são pessoas que falam que a outra está gorda, mesmo sem saber se a pessoa em questão tem auto-estima baixa ou está se esforçando em seu máximo; são pessoas que criticam as outras mesmo sem considerar que elas próprias possuem características criticáveis.

Frigir dos ovos: a piada só será engraçada enquanto eu não for o alvo dela. Ou: pimenta nos olhos dos outros é refresco. Ou: o inferno são os outros.

É doloroso sentir empatia, colocar-se no lugar do outro, aprender com isso, aplicar na própria vida? Sim, demais. Só que nos tempos atuais modernos-e-contemporâneos as pessoas estão fugindo da dor o máximo possível, tentando fazer com que ela, a dor, seja erradicada de seus corpos como um vírus que se extirpa. Sabemos que isso é impossível, que a dor é tão humana quanto o prazer, mas não custa tentar, não é? Não queremos sentir dor, e sentir a dor do outro é pior ainda.

Só que essa anti-empatia é uma faca de dois legumes: deixando de sentir a dor do outro, também deixamos de sentir o prazer do outro.



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