ANIMA DECOLORUM EST

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quinta-feira, 12 de maio de 2016

O QUE ME CHOCA 17/01

PMDB É UMA COISA QUE ME CHOCA - Série 

Principalmente quando lança um programa que remete o Brasil de volta ao período 1985/1995.

Vou comentar aqui, parágrafo por parágrafo, o programa “Ponte para o Futuro”, do PMDB, lançado há poucos dias pelo “já-ganhou” vice-presidente golpista Michel Temer.
A tarefa de ler o texto será hercúlea, assim como foi para mim escrevê-lo, por isso dividi as postagens em capítulos, para dar o devido clima de novela de horror que o texto inspira.
Declaro que não foi modificada nenhuma vírgula.

Capítulo 01  
UMA PONTE PARA O FUTURO
Este programa destina-se a preservar a economia brasileira e tornar viável o seu desenvolvimento, devolvendo ao Estado a capacidade de executar políticas sociais que combatam efetivamente a pobreza e criem oportunidades para todos. Em busca deste horizonte nós nos propomos a buscar a união dos brasileiros de boa vontade. O país clama por pacificação, pois o aprofundamento das divisões e a disseminação do ódio e dos ressentimentos estão inviabilizando os consensos políticos sem os quais nossas crises se tornarão cada vez maiores.
Este primeiro parágrafo me lembra aquela tabela de expressões que, combinadas, produzem frases de significado obscuro e pomposo, sem absolutamente nenhum conteúdo. A economia brasileira, a partir de 2003 (com os benefícios conquistados pelo plano de estabilidade de Fernando Henrique Cardoso e seu Plano Real), pela primeira vez na História, estava sendo valorizada, preservada e em desenvolvimento. O Estado estava desenvolvendo políticas sociais que, pela primeira vez, beneficiava diretamente as pessoas que precisavam. A “união dos brasileiros de boa vontade” significa, em termos mais em moda, da tomada de poder pelas “pessoas de bem”, ou seja, a Crasse Mérdia Alta. A pacificação à qual o texto se refere é a mesma praticadas pelas UPPs no Rio: maquiagem higiênica para inglês poder visitar favela. Prova disso é o restante da frase – divisões e disseminação do ódio são praticados por partidos como o PMDB desde as eleições de 2014. Consenso político, neste caso, significa “aceitem as minhas condições ou não haverá governabilidade”.
Todas as iniciativas aqui expostas constituem uma necessidade, e quase um consenso, no país. A inércia e a imobilidade política têm impedido que elas se concretizem. A presente crise fiscal e, principalmente econômica, com retração do PIB, alta inflação, juros muito elevados, desemprego crescente, paralisação dos investimentos produtivos e a completa ausência de horizontes estão obrigando a sociedade a encarar de frente o seu destino. Nesta hora da verdade, em que o que está em jogo é nada menos que o futuro da nação, impõe-se a formação de uma maioria política, mesmo que transitória ou circunstancial, capaz, de num prazo curto, produzir todas estas decisões na sociedade e no Congresso Nacional. Não temos outro caminho a não ser procurar o entendimento e a cooperação. A nação já mostrou que é capaz de enfrentar e vencer grandes desafios. Vamos submetê-la a um novo e decisivo teste. O sistema político brasileiro deve isso à nossa imensa população.

O clima deste parágrafo é o de “já ganhei”, a começar da primeira frase. Vá dizer aos ocupantes da Assembleia de São Paulo que essas ideias são consenso. A inércia e imobilidade política à qual o texto se refere foi provocada por partidos como o PMDB, que querem o poder de volta para continuar sua prática de governar apenas para o lado em que o dinheiro canta. A frase seguinte, repleta de termos genéricos, faz de conta que os índices alarmantes apontados não eram muito piores antes do PT chegar ao poder. Peguemos como exemplo inflação e desemprego. 10,67% ao ano (índice IBGE 2015) é alarmante? Em 1993 (Governo Itamar Franco, PMDB, vice de Collor, PRN, que renunciou), ano anterior à implantação do Plano Real e consequente estabilidade econômica, a inflação foi de 2.477,15%. Isso mesmo: DOIS MIL, QUATROCENTOS E SETENTA E SETE VÍRGULA QUINZE POR CENTO. Isso dá 6,78% AO DIA. A taxa de desemprego de 2015 ficou na marca dos 8,5%. Índice alto, né? Em 1993 essa taxa era de 6,7%. Aumentou 1,8% em VINTE E DOIS anos! O restante do parágrafo é alarmista, com o objetivo claro de dizer: “Olha, tudo o que foi feito até agora está errado. Nós temos a solução mágica: vocês vão precisar aguentar mais essa”. A última frase é uma pérola de hipocrisia: insinua que o sistema político brasileiro resolverá a questão, e não precisa de uma reforma profunda e definitiva.

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